terça-feira, 11 de novembro de 2008

Nossa! Mudei!

Últimamamente tenho percebido muitas mudanças em mim. Confesso que umas muito boas, outras nem tanto. Outras irremediáveis, outras em curso, outras se instalando a contra-gosto.

Uma delas que vem batendo a contra-gosto e com a qual venho lutando ferrenhamente é o completo e absoluto desamor pelo Brasil. Isso mesmo, atire a primeira pedra quem nunca desejou mandar tudo pra PQP. É exatamente pra esse lugar que tenho sentido ganas de mandar o país inteiro com cada um dos seus habitantes e muitaqs vezes até minha família tenho vontade de mandar junto.

Isso é estranho e ruim.

Estranho porque eu sempre fui muito patriota, muito ufanista, muito disposta a dar porrada em quem falasse mal do Brasil. Aquele amor que cuida, que preserva, que quer salvar, tirar da mão dos maus. A votade que tenho é ir pra bem longe daqui e nunca mais ouvir falar de nada.

Me pediram pra pensar nas coisas boas do Brasil, passei quinze minutos sem conseguir lembrar de uma antes de desistir. Não foi má-vontade, mas eu simplesmente não consegui lembrar. de absolutamente nada que eu ainda goste aqui. O clima? Ou tá um calor dos infernos ou chove demais e alaga tudo. Tranquilidade? Tá brincando, andar no iraque com a bandeira americana nas costas é mais seguro que ir na esquina comprar pão. Povo alegre? Não conheço ninguém ou vivendo a base de anti-depressivos, ou buscando terapias alternativas ou enchendo a cara pra fingir que é feliz. Povo solidário? Temos rompantes de solidariedade coletiva, mas está cada vez mais dificil achar alguém que pare pra te ajudar em qualquer que seja a situação. Boa música, há muito so se houve procaria nas rádios.Povo honesto? Tá de brincadeira, hg]grande parte do povo é a favor do nepotismo, não devolve objetos achados e sempre arruma um jeito de levar vantagem. Inteligente? Muito menos, elegemos a mesma horda de manés desonestos e nunca aprendemos. Tem gente que preferiria não votar, tem gente que não quer evoluir.... Isso tudo me cansou.

Nunca vivi fora pra saber se lá fora é realmente melhor, nem sei para que lugar do mundo eu iria, mas tô de saco cheio do Brasil.

E é com grande tristeza que falo isso, com grande pesar. Sempre fui louca de amor, mas cansei de ser a única que coloca o amor na prática.

Tem muita gente boa, mas cada dia que passa elas parecem mais do que nunca excessões. Tanta coisa acontecendo e cada dia que passa, mais do que nunca as pessoas não parecem acreditar que é possível mudar. Porque preciso ser a única. Dizer que o Brasil é um lugar maravilhoso com pessoas ruins, é contraditório, o Brasil são as pessoas.

Não queria dormir com raiva do Brasil, mas sempre que termina o noticiário da Tv desejo estar em qualquer lugar do mundo, menos aqui, porque sei que não posso fazer nada. Mudei, mas não queria ter mudado de sentimentos em relação ao Brasil. Queria continuar achando que aqui é o melhor lugar, as pessoas são mais bacanas, a cultura é mais rica, mas simplestmente não consigo mais sentir isso. Não sei se esse sentimento é momentaneo ou vai durar pra sempre. Espero que não dure.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Isso é que é amiga!!!

Últimamente tenho visto e ouvido falar sobre toda sorte de amigas e reforço mais uma vez meu agradecimento a Deus por sempre ter me dado amigas muito boas. Algumas já deram algumas vaciladas comigo, bem feias, que me magoaram tanto, mas nada que eu não me recuperasse ou me causasse danos sérios. Geralmente minhas rusgas com amigas ou foram por causa de homens (eles, sempre eles) ou falta de solidariedade de ambas as partes devido a briga anterior. Nada tão grave.

Hoje tenho dois exemplos. Uma amizade grande, firme, invejável, sólida, solidária. Outra vil, mesquinha, baixa e inexplicável.

O primeiro caso é a amizade de Heloá e Nayara. A primeira uma jovem mantida como refém pelo ex-namorado em São Paulo, história ainda sem desfecho. Apesar de ter recebido autorização para sair, uma amiga não quis deixar a outra sozinha com o bandido. passei horas refletindo por quais amigos eu faria isso e quais será que fariam por mim. Não é curta a lista de pessoas pelas quais me arriscaria dessa forma e é a mesma de pessoas para as quais eu doaria um rim e até um pulmão.

Ficar junto da amiga, ar apoio emocional num momento em que nós próprios precisamos, se arriscar, se doar dessa forma, dar a alguém a sensação de que ela não está sozinha, é um ato heróico e que vale mais que mil representações de carinho. É saber que alguém está do teu lado nos momentos que realmente importam na vida.

Do outro lado estou vendo uma amizade chegar ao fim. Se questionar condutas presencio uma cena triste. Uma colega estava se envolvendo com um homem comprometido e a amigo levou a esposa do cara na casa dela. Não sei os motivos, nem o meio termo da história, mas como amiga, nunca faria isso, por mais que questionasse esse tipo de conduta.

o barraco desabou e um turbilhão de intrigas se avolumam. Deus me defendam de amizades como essa. Já fui traida por amigas, mas mesmo as traições foram mais leais que isso.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Me cortou o coração

Olhem esta foto. Ela me cortou o coração. Este bebê, cuja mãe não conheço, nunca vi o rosto, não sei o sexo nem o nome, entristeceu meu dia. Dele só sei a idade e o endereço. Ele tem um ano e dois meses e mora na Casa de Reeducação Feminina Julia Maranhão (Presídio do Bom Pastor- presídio feminino da minha cidade).

Esse bebê, que nunca cometeu crime algum e que o maior incomodo que já causou na vida foi chorar noite adentro devido a terríveis cólicas comuns nos primeiros meses, está preso. Ele nunca viu as ruas, nunca viu o mar, nunca andou de ônibus nem de carro, nunca foi ao pediatra e desconheço se tomou todas as vacinas. Ele não tem contato com outras crianças, não passa fim-de-semana na casa dos avós, nem passeia com os tios. Ele não tem brinquedos, não tem liberdade, não tem infancia. É criado num ambiente hostil até para quem tem condições, idade e tamanho de se defender sozinha. O mundo as vezes me parece injusto, Deus as vezes me parece inusto, a vida é muitas vezes inusta.
Não consegui tirar a imagem dessa criança da cabeça, me deu uma dó sem tamanho dela. Sei que há crianças que sofrem uma enormidade, os mais difersos tipos de violência, as experiencias mais pavorosas, dolorosas, as solidões mais aflitivas, os dores mais cruciantes e nenhuma delas merece, é bem verdade, este, ao menos, tem a companhia da mãe. Mas isso não diminiu a tristeza que essa imagem me provoca.
Ele dorme e uma mulher, provavelmente a mãe, vela seu sono. Ignora quão pouco afortunado é. Me doi pensar que talvez, esse ambiente seja a casa dessa criança durante a maior parte de sua vida. não exatamente o Bom Pastor, mas reformatórios e prisões. Como condenar alguém que já nasceu na cadeia? Alguém a quem não foi dado o direito a ampla defesa, que não foi ouvido, contra o qual sequer existem acusações.
Uma vez ouvi um padre falar que se a reencarnação existisse, Deus seria muito injusto, pois nos obrigaria a pagar, em outras vidas, crimes que não sabemos que cometemos. Mas a reencarnação é a unica desculpa convicente pra gente que sempre sofreu. Não é justo que pessoas sejam tão sortudas e outras não...
Divaguei nesse texto, sai do prumo, mas a unica coisa certa que tenho é o sentimento de dor, delisuão, falta de fé e dó de alguém que talvez não tenha chance de tentar mudar seu destino.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Adorno

Lutero disse certa vez uma frase bem idiota, mas que cai em mim como uma luva: "o pior adorno que uma mulher pode querer usar é ser sábia". Bacana essa frase, reflete bem como o homem é um completo idiota e também medroso, pois sabe que uma mulher minimamente esperta ofusca qualquer um deles. Mas a frase que quero usar como ancora do meu discuros é outra, embora também fale de adornos e mulheres.

Ouvi alguém dizer, ou li em algum lugar uma frase interessante. Não sei quem é o autor, mas o cara deve ser no mínimo um Balzac da vida para conseguir entender tanto as mulheres, aquele sim entendia, se brincar a frase é do proprio. A oração é a seguinte: Não há melhor adorno a uma mulher que o olhar de outro homem. {O contrário tá valendo}.

Sempre achei isso meio sem sentindo, mas é a maior verdade do mundo, somos muito inseguros até em relação ao que gostamos ou não. Imediatamente pensamos que se outra pessoa quer é porque algo de bom deve ter, ou então é o simples e humano sentimento de cobiça e egoísmo: eu não quero, mas também não dou.

Percebi isso mais fortemente hoje. Por motivos profissionais fui a casa de um ex-ficante meu. Ele até quis ser mais que isso, mas na época eu estava pseudo-apaixonada por outro e não senti uma química entre nós tão boa quanto a que ele pareceu sentir. Para explicar minha rejeição até alegar para mim mesma que ele tinha o beijo muito molhado eu aleguei. O cara era bonitão, boa pinta, parecia gente boa, mas não rolava. Dei muitos perdidos nele.

Quando cheguei lá, já meio chateada em ter que fugir dos seus assédios por uma tarde inteira, me supreendo ao encontrar uma mulher bem á vontade no sofá da casa dele. Eis que vêm as apresentações:

-Orquídia, esta é Fulana, minha namorada. Fulana, esta é Orquidia, uma amiga minha. Ela veio fazer uns trabalhos aqui hoje.

Meu queixo e meu constrangimento foram ao chão. Acho que os dois perceberam minha cara de sem graça. Ela foi logo embora. Na hora senti um mixto de alivio e surpresa. Achei que seria mais fácil trabalhar sem ter que perder tempo evitando suas investidas. Mas não sei porque, pela primeira vez, desejei que ele desse alguma investida. Coisa de bicho que precisa delimitar seu território. Ainda era meu, eu podia não querer usar, mas ainda era meu, quem ela achava que era para disputar terrenos comigo? Isso feriu lá no fundo minha imensa vaidade.

Pouco tempo depois, ele começa, uma mãosinha na perna, um pretexto para roçar em mim... percebi então que aquele santo queria reza, ainda queria vela acessa. Por ironia do destino, na hora que me levanto da cadeira para ir beber água e meditar sobre o meu poder de fogo, minha coluna resolve me pregar uma peça: ela doeu tanto que eu mal consegui me mexer.

Desculpa para me levar para o quarto a pretexto de uma massagem para aliviar minha dor {juro que a dor era de verdade}. E a massagem começa. E a dor vai diminuindo. E a massagem vai ficando estranha. De repente a massagem era quase um sarro, como se dizia antigamente. E percebi o desejo ardendo nos olhos dele. Diabolicamente pensei: ótimo, ainda é meu. Uma gargalhada daquelas de bruxa de desenho animado ressoou no meu imaginário.

Me deixei beijar, praticamente um selinho, afinal, é contra meus princípios ficar, beijar e transar com o homem alheio, mas cobiçar pode. Depois de umas palavras sobre o seu desejo nunca apagado, a saudade do meu corpo, da minha boca, do meu toque... rio e o repreendo... Lembro a ele da existencia da sua namorada e vou embora carregado minha coroa, meu cedro e meu manto.... o trono no imaginário dele, ainda é meu.

Por Orquídea [mais selvagem que nunca ou como sempre]