quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Adorno

Lutero disse certa vez uma frase bem idiota, mas que cai em mim como uma luva: "o pior adorno que uma mulher pode querer usar é ser sábia". Bacana essa frase, reflete bem como o homem é um completo idiota e também medroso, pois sabe que uma mulher minimamente esperta ofusca qualquer um deles. Mas a frase que quero usar como ancora do meu discuros é outra, embora também fale de adornos e mulheres.

Ouvi alguém dizer, ou li em algum lugar uma frase interessante. Não sei quem é o autor, mas o cara deve ser no mínimo um Balzac da vida para conseguir entender tanto as mulheres, aquele sim entendia, se brincar a frase é do proprio. A oração é a seguinte: Não há melhor adorno a uma mulher que o olhar de outro homem. {O contrário tá valendo}.

Sempre achei isso meio sem sentindo, mas é a maior verdade do mundo, somos muito inseguros até em relação ao que gostamos ou não. Imediatamente pensamos que se outra pessoa quer é porque algo de bom deve ter, ou então é o simples e humano sentimento de cobiça e egoísmo: eu não quero, mas também não dou.

Percebi isso mais fortemente hoje. Por motivos profissionais fui a casa de um ex-ficante meu. Ele até quis ser mais que isso, mas na época eu estava pseudo-apaixonada por outro e não senti uma química entre nós tão boa quanto a que ele pareceu sentir. Para explicar minha rejeição até alegar para mim mesma que ele tinha o beijo muito molhado eu aleguei. O cara era bonitão, boa pinta, parecia gente boa, mas não rolava. Dei muitos perdidos nele.

Quando cheguei lá, já meio chateada em ter que fugir dos seus assédios por uma tarde inteira, me supreendo ao encontrar uma mulher bem á vontade no sofá da casa dele. Eis que vêm as apresentações:

-Orquídia, esta é Fulana, minha namorada. Fulana, esta é Orquidia, uma amiga minha. Ela veio fazer uns trabalhos aqui hoje.

Meu queixo e meu constrangimento foram ao chão. Acho que os dois perceberam minha cara de sem graça. Ela foi logo embora. Na hora senti um mixto de alivio e surpresa. Achei que seria mais fácil trabalhar sem ter que perder tempo evitando suas investidas. Mas não sei porque, pela primeira vez, desejei que ele desse alguma investida. Coisa de bicho que precisa delimitar seu território. Ainda era meu, eu podia não querer usar, mas ainda era meu, quem ela achava que era para disputar terrenos comigo? Isso feriu lá no fundo minha imensa vaidade.

Pouco tempo depois, ele começa, uma mãosinha na perna, um pretexto para roçar em mim... percebi então que aquele santo queria reza, ainda queria vela acessa. Por ironia do destino, na hora que me levanto da cadeira para ir beber água e meditar sobre o meu poder de fogo, minha coluna resolve me pregar uma peça: ela doeu tanto que eu mal consegui me mexer.

Desculpa para me levar para o quarto a pretexto de uma massagem para aliviar minha dor {juro que a dor era de verdade}. E a massagem começa. E a dor vai diminuindo. E a massagem vai ficando estranha. De repente a massagem era quase um sarro, como se dizia antigamente. E percebi o desejo ardendo nos olhos dele. Diabolicamente pensei: ótimo, ainda é meu. Uma gargalhada daquelas de bruxa de desenho animado ressoou no meu imaginário.

Me deixei beijar, praticamente um selinho, afinal, é contra meus princípios ficar, beijar e transar com o homem alheio, mas cobiçar pode. Depois de umas palavras sobre o seu desejo nunca apagado, a saudade do meu corpo, da minha boca, do meu toque... rio e o repreendo... Lembro a ele da existencia da sua namorada e vou embora carregado minha coroa, meu cedro e meu manto.... o trono no imaginário dele, ainda é meu.

Por Orquídea [mais selvagem que nunca ou como sempre]

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Quase 30 com corpinho de 12

Não estranhem o título. Desde os 12 anos tenho exatamente a mesma altura e praticamento o mesmo peso, depois é claro de períodos de vacas gordas (obesas) e vacasa magras (quase anorexicas), o cabelo estou tentando retornar ao modelo original, após toda gama de cores racionais possíveis, óculos após péssima adaptação a lentes, estou tal qual mais de 15 anos passados.

O engraçado é que quando eu tinha 12 todos pensavam que eu tinha mais, muito mais, tanto que passei bastante tempo sem namorar, porque todo mundo que chegava em mim era muito mais velho e com 12 eu tinha um lógio e compreensivel medo. Hoje o quadro se inverteu. Quanto mais velha me acho, mas nova me vêem. Todos menos meu espelho.

Não tenho mais minhas pernocas lindas e o broze que ostentava aos 12, mas por mais que as linhas de expressão se aprofudem no meu rosto, meu relógio biológico parece correr ao contrário para quem está de fora.

As vezes me acho velha pra caramba e para algumas coisas realmente sou, tem coisas que precisam ser começadas antes dos 20 ou na infancia e esse tempo eu não tenho mais, as vezes me acho nova demais como se a perspectiva de ter ainda tantos anos pela frente fosse um enfadonho desafio e não uma dádiva.

Ontem, de repente, no meio da garotada me senti velha e a garotada me sentiu nova duvidando dos meus anos todos. Trocaria minha idade, mas não minha vivência. O engraçado foi ver os boyzinhos e seus hormonios sub 20, paquerando a titia aqui enquanto eu tentava encontrar algúm com menos carbono 14, se é que me entendem. Todo mundo sabe que sempre fui chegada nun fóssil vivo, mas tá cada vez mais dificil achar algum. Entre os mais novinho, rola beijinho, mas não rola emoção....

Problemas de quem chegou sozinha a meia idade, já que a meia idade feminina acontece bem mais cedo que a masculina, pelo menos do quesito amor. Não trocaria meua amores passados por nada, mas trocaria todos os meus amores futuros ppor um único e indissolúvel amor, talvez um que já fez parte do meu passado e ainda me acompanha no presente mesmo que seja só como uma doce saudade e uma dolorosa lembrança, um amor terminado antes do fim. O amor que eu ainda quero para mim.

Esse texto saiu o oposto do que eu pretendia dizer. Era pra ser um relato divertido sobre meu dia de ontem, mas saiu uma reflexão até dolorosa dos meus anos.... fico devendo....