sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Lisboa - Portugal (por Livremar)

Foto de Livremar de Lisboa - Portugal





quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Basta! Queremos paz (por Butterfly)


O crime compensa? (por Butterfly)

Os dados da violência no Brasil são alarmantes. Nem precisaria de pesquisa nenhuma pois já estamos cansados de saber disto, não é mesmo? Não conheço ninguém que não tenha sido assaltado ou que tenha um amigo ou parente imune a esta triste violência. Eu mesma tenho uma amiga que foi assaltada mais de cinco vezes, aliás, ela até perdeu a conta. Para se ter uma idéia, apenas em 2006 foram registrados 4.638 assassinatos, no Estado de Pernambuco, mas apenas 38 supostos assassinos foram capturados até o final do ano. Enquanto isto 4.600 criminosos estão livres, leves e soltos.
Cada vez mais a população brasileira se vê “refém” da criminalidade, do medo e cidadãos de bem têm que ficar “presos” em suas próprias casas, protegidos por muros, cães de guarda e câmeras de segurança. Sair para trabalhar ou passear virou um desafio e voltar para casa sã e salvo, uma questão de sorte ou proteção divina.
O semáforo está vermelho, quer dizer PARE, certo? Errado! Deveríamos parar, mas se fizermos isto, em alguns semáforos das grandes cidades, corremos o risco de ser assaltados, ou até mesmo levar um tiro.
Como se já não bastasse o clima de insegurança, o poder judiciário brasileiro vai seguindo o caminho da desacreditada classe política. Neste exato momento há milhares de processos mofando nos arquivos dos tribunais enquanto criminosos se caminham nas ruas, com se nada tivessem feito. Alguns dos que foram julgados se valem das punições brandas da Justiça brasileira que possibilita aos criminosos um período de prisão menor do o que eles foram sentenciados no dia do julgamento.
Quem não se lembra do caso de Guilherme de Pádua, que assassinou brutalmente a atriz Daniella Perez, em um ritual satânico? Ele foi condenado a 19 anos de prisão, mas só cumpriu um terço da pena. Há sete anos ele “conquistou a liberdade”, por ter se comportado direitinho na cadeia. Hoje ele vive em Belo Horizonte, sua terra natal, casou e converteu-se ao protestantismo. É isto ai! Ele segue sua vida como se nada tivesse feito. A “justiça” brasileira deu este direito a ele.
Que país é este? E como não deve se sentir a mãe de Daniella Perez, a autora de novelas Glória Perez? Um criminoso como este deveria ser condenado à prisão perpétua, pois ele não matou apenas Daniella, mas destruiu a vida de toda uma família.
Sinceramente, eu não consigo entender o sistema penal brasileiro que é como uma mãe “gentil” e permissiva para os políticos e juízes corruptos, estupradores, pedófilos, ladrões do colarinho branco, empresários que destroem a floresta amazônica... Só quem se ferra mesmo são as vítimas que pagam caro, seja com os bens materiais, ou até mesmo com suas vidas. É como se elas tivessem sido culpadas por terem sofrido o assalto ou até mesmo morrido com uma bala que resolveu “passear” pelas ruas, num belo de sol no final da tarde. E ai vem aquele pensamento: - Está vendo, quem mandou sair de casa?
Muitos heróis que tentaram lutar pela justiça de crimes cometidos contra pessoas e natureza, a exemplo do seringueiro Chico Mendes, pagaram com a vida. Outros simplesmente tentavam exercer o direito de ir e vir, quando foram covardemente assassinados por balas vindas de revólveres segurados por bandidos sanguinários que apertam o gatilho, mesmo que a vítima não ensaie qualquer reação.
Pesquisas mostram que de acordo com a idade das vítimas, varia o tipo de violência sofrida. Até os quatro anos, as crianças tendem a sofrer com maus-tratos e violências praticados pelos pais. Dos cinco aos nove anos, predomina a violência sexual. A partir dos dez anos, cresce a incidência de vítimas de assassinadas e a faixa etária mais crítica é entre 15 a 19 anos, quando os homicídios representam 53% do total de mortes.
Basta! Estamos cansados de ver tanta violência! Lugar de criminoso é na cadeia ou numa clinica de reabilitação. Não nas ruas, nos assustando, nos deixando aprisionados, tensos toda vez que temos que tirar o carro da garagem, ir ao banco, caminhar pela praia. Para estes marginais não existe limite. Eles até assaltam e matam pessoas que estão em suas casas, com telefonemas ameaçadores. Não se assuste quando um dia você atender ao telefone e na outra linha ouvir: isto é um assalto! Seria engraçado, se não fosse assustador, mas não duvido de mais nada.
Até o dia em que a impunidade reinar no Brasil ou em qualquer país, não tem jeito. É rezar para que você não seja a grande “contemplada” do dia. Fique atenta ao sair de casa, não dê chances a eles. Faça por onde! Não é todo mundo que pode andar em carro blindado e ter segurança particular. Há vários sites onde você pode encontrar dicas importantes, acesse o www.google.com.br e busque “dicas contra assaltos ou roubos”, que logo aparecerão dezenas de websites.
Enquanto justiça e autoridades competentes não agem, por omissão ou lentidão, a sociedade civil se organiza e reivindica unida por seus direitos. São dezenas de ONG’s, a exemplo da Viva Rio (www.vivario.org.br) ou Sou da Paz (www.soudapaz.org), formados por grupo de pessoas que perderam um amigo, parente ou até mesmo toda a família.
Indignada com a violência que vive “deitada em berço esplêndido” em nosso país, resolvi fazer este texto para dizer que apesar de todos os dados desfavoráveis, eu tenho um sonho (“I have a dream”), assim como o Martin Luther King teve um dia e sei que você, cidadão de bem, também pensa como nós. Sei que sou como aquele beija-flor que queria apagar o fogo de uma floresta, carregando água em seu pequeno bico, mas vários beija-flores podem fazer a diferença. Sonhamos com a paz no mundo e no dia conseguiremos substituir as armas, por flores nas mãos! Assim seja!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

TPM não é desculpa! (por Abelhinha)

Prazer!
Eu me chamo Abelhinha e já comecei vários textos, já apaguei inúmeros parágrafos e já cansei de imaginar qual o melhor assunto para colocar nas páginas desse blog.
Estava querendo fazer um belo texto, afinal os que já foram publicados aqui foram maravilhosos. O problema é que estou sem inspiração... Será que é pós TPM? Hehehe Seria muito cruel! Já pensaram, além de passar os tradicionais sete dias com o humor em turbulência, acrescentar mais sete?
É isso! Nada mais normal para uma mulher, nada mais chato para um homem do que a famosa TPM!
No período da TPM viro a Sra. Sensível. Tudo me atinge, tudo me preocupa, tudo me magoa, tudo me aborrece, tudo me faz rir e chorar... O detalhe disso tudo é que as proporções das reações são, muitas vezes, desproporcionais! Já me peguei chorando por causa de um comercial. Já tive raiva mortal de alguém que fez aquela fatídica pergunta: “Não entendi? Pode repetir?”. Já fiquei com raiva do meu cabelo, da minha altura, da minha mão, da minha voz, da minha sombra... Já acreditei que nenhuma roupa do meu guarda-roupa ficaria boa em mim. Já me achei a mulher mais feia do mundo.
Vocês não ficam com ódio quando além de todos esses sintomas temos que suportar os inchaços? E as dores? Tudo fica dolorido...e haja paciência do parceiro para agüentar tanto ai, ai, ai! Não dá para namorar direito, não dá para se arrumar... e por muitas vezes nem dá para fingir. Quem já se viu uma mulher com vinte e uns ter espinhas de adolescentes? Tudo culpa da TPM.
Sim, mas como toda desgraça as coisas não terminam assim. O fato de sabermos que estamos de TPM não ameniza em nada, por isso é ainda pior quando alguém e diz: “Liga não, ela está de TPM!”. Que raiva, dá vontade de enfiar a cabeça da criatura dentro de um balde d’água. Aprenda, mulher de TPM odeia quando alguém não considera seus atos justamente porque ela está de TPM. Entendeu? As reações podem sem ser exageradas, mas nunca totalmente desprezadas.
Não existem segredos para lidar com a TPM. O fácil é o mais difícil. A questão é perceber que começamos a sentir e ver as coisas como se usássemos uma lupa. Mas graças a qualquer coisa que você acredite, a TPM é algo passageiro. Dentro de alguns dias voltamos a ser doces e gentis mulheres, delicadas, carinhosas, sem inchaços, sem dores, achando minhas roupas lindas, meu cabelo maravilhoso, o mundo lindo e colorido!
Acaba que pensado bem, a TPM seja um mal necessário. Faz parte do universo feminino, mas que me entenda bem, se é possível minimizar os sintomas, que tudo seja feito! Vale não comer carne, vale não comer chocolate (o que é quase impossível!), vale tomar florais, vale acender incenso, vale passar uma semana sem ver o namorado para não brigar, vale fazer qualquer exercício físico...
Só não vale usar a TPM para falar ou fazer coisas que você tem vontade e não tem coragem! TPM não é desculpa!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A palavra no muro (por Livremar)

Click na imagem pra visualizar a arte.


... Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca



Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza


Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria ...

(Gentileza - Marisa Monte)


Estamos tão apressados, indo e vindo e voltando de todos os lugares e acabamos não percebendo o que está em volta. A beleza dos lugares, das pessoas, o clima, o prazer que temos ao ver a cidade pulsando em seu ritmo de trabalho, das cenas absurdas e outras tão lindas, das atitudes inesperadas. Estamos tão apressados que deixamos de ver um sorriso lindo de uma criança, um casal de velhinhos caminhados, jovens enamorados paquerando nos parques, nas praias, nos shopping e nas ruas.


Passamos tão apressados pela vida, com uma fúria em nosso peito em querer consumir tudo, de aproveitar tudo ao mesmo tempo, de estar em todos os lugares, de ter todos a nossa volta. E esquecemos de ouvir a nossa voz e som da cidade. Esquecemos de olhar e perceber o que o outro sente, de como a cidade anda.

Passamos tão apressados que esquecemos de viver.
Se VIVER pra você é percorrer todos os lugares, conhecer todos e tudo. Acho sinceramente que você nunca soube viver.

Viver é deliciar-se dos singelos momentos. É ouvir, sentir, perceber e se deixar embalar no ritmo da cidade, sem perder o rumo.





Parte II

Na primeira vez que conheci Fortaleza, fui explorar de carro os pontos turísticos da cidade e notei, perto do Terminal de Ônibus do Papicu, um muro enorme de quase um quarteirão recheados de frases e ditos populares. Lamentei por não ter levado minha câmera fotográfica. Fiquei curiosa! E descobri que era feito por um senhor que tinha seu ponto comercial na parada de ônibus, o seu horário de trabalho e telefone estavam lá escrito no muro. Seu Alves (o sapateiro) escreve no muro suas reflexões, provérbios, preces, lamentações, conselhos e agradecimentos.

Por Livremar

Mamãe, quero ser burra!!! (por Orquídea)


As pessoas sempre disseram que sou uma mulher inteligente. Para ser sincera nunca entendi muito os motivos de tantos elogios. Nunca fui a melhor aluna na escola, me saia bem, mas não era nenhuma CDF, penei em recuperação também. Hoje em dia, algumas vezes, demoro a entender piada e é relativamente fácil me passar a perna (principalmente se você for homem, bonito e aparentemente culto), entretanto não são poucas as pessoas a ressaltar minha hipotética ou até mitológica inteligência.

Burra eu sei que também não sou, sei também que conquistei mais caras com o papo que com o decote. O problema é que essa tática não anda funcionando muito bem. Não sei se é para me consolar ou se é de coração, mas todo mundo diz que estou sozinha por ser inteligente demais e que homem tem pavor disso, pois se sentem diminuídos. Será?

Tenho cá minhas dúvidas, mas escuto isso de muita gente: que homem não gosta de mulher inteligente e por isso estou sozinha. E aí eu me lasquei, porque todo mundo sempre me achou mais inteligente do que na verdade sou. Estou pagando por um defeito que nem tenho, defeito não, na verdade eu até adoraria uns neurônios mais animadinhos, mas não é o caso. Tô pedindo pra sair, nega!Pode até ser uma desculpa padronizada, mas já ouvi isso mesmo de várias pessoas.

Será que é por que a coisa que mais me dá tesão no mundo é um bom papo? Não sei, vou morrer sem saber. Minha mãe diz que assusto os caras. Mas eu não saio discutido Nietzsche no primeiro encontro, nem sou metida me achando a única pessoa que realmente entende de política no mundo. Aliás, tenho evitado ao máximo a frase: “certa vez li que...”, principalmente se o que vou falar não puder ser encontrado em revistas de fofoca ou na revista da TV de algum jornal.

Ultimamente tenho me esforçado bastante para parecer um pouco burra, olha que já funcionou, mas eu encho logo o saco de um cara que não está disposto a levar um papo interessante comigo. Só dois caras gostaram do fato de minha cabeça não ser apenas um porta-cabelo. Um deles gostava de uns papos-cabeça e eu viajava, entrava na dele, debatia, algumas vezes ele olhava pra mim e dizia: “você sabe tudo, garota?” E depois me enchia de beijos. Tá vendo, uma coisa não interfere na outra: nem sempre quem é bom de mesa (ou sofá) é ruim de cama.

A questão é que os homens gostam mais de conversar comigo do que me levar para cama. Há controvérsias, mas as vezes é o que parece. As feministas de plantão devem estar achando um absurdo querer ser menos esperta para agradar o sexo oposto, mas a gente também precisa de uma boa cama, além de papo. Não queria ser burra, queria ser esperta o suficiente para fingir que sou, entende?

Mas eu nem sei se posso reclamar. Odeio sair com um cara que não presta atenção no que estou falando e cujo único desejo é me levar para um lugar isolado e me fazer calar a boca. Álias, isso é uma das coisas que me faz calar a boca mais rápido e também fechar as pernas. Posso não ser uma das mais espertas, mas certamente me orgulho de ter lido mais clássicos que a média e gostar de discussões filosóficas. Qual o pró?

Álias não me encaixo em nenhuma das categorias que a maioria os homem costumam gostar: das burras, das gostosas, das submissas. Na verdade ainda não inventaram um estereotipo no qual eu coubesse, nenhuma fantasia social ou psicológica com meu número.

Bom, no final das contas, antes só que mal acompanhada. Prefiro falar sozinhas, sinal de muita criatividade além de inteligência, dizem especialistas, que falar com alguém que não me ouve e a única coisa que pensa ao me ver é tirar minha roupa. Afinal, mulheres inteligentes não precisam de um pênis, precisam de um homem integral, de verdade, que saiba reconhecer um artigo de primeira quando vê.

E novamente aliás, ando calando a boca quando saio com casais, algumas vezes e coleguinha foi completamente excluída da conversa, já fui causadora involuntária de crises de ciúmes. Mas aí é que está: sou vista como um papo interessante e nunca uma mulher para ser amada, por isso as crises de ciúmes não têm fundamento. Será que os homens me enxergam como um deles, será que por este motivo boa parte dos meus amigos tem um cromossomo Y? Será que sou um homem gay no corpo de uma mulher?

Bom, só sei que entre os homens e meus neurônios, no final das contas, no fundo, no fundo, fico com meus neurônios. Eles me fazem ser uma ótima companhia para mim mesma; sou um ser auto-suficiente. Bom, e a quem conseguiu permanecer com os neurônios e viver um amor: parabéns, aliás (adoro essa palavra) as burras nem valorizam tanto o amor assim. E para finalizar (rsrsrsrs só de sacanagem), como diria Nietzsche: “ É pelas próprias virtudes que se é mais bem castigado”. Será que é esse o meu caso?
Por Orquídea

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Que tal começar a semana limpado a vista com um deus grego?





Os fora de forma que me perdoem, mas gostosura grega é fundamental!


sábado, 23 de fevereiro de 2008

Desliguem as câmeras, please!!!

Há uns tempos uma questão me atormenta dia e noite: o que será de nós seres humanos com o total fim da privacidade. Desde cedo nos é ensinado que não devemos mentir nem omitir nada dos pais, da justiça ou de Deus, mas alguém já conseguiu cumprir isso alguma vez? Até para encurtar conversar, muitas vezes omitimos os lugares pelos quais andamos ou que fazemos. Além do mais nunca soube de nenhum artigo na Constituição, nem na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nem na Bíblia que tirasse dos humanos o direito de ter segredos. Até Deus os têm e muitos.

Tava pensando: os celulares hoje em dia vêm com GPS, se entramos numa loja, milhares de câmeras nos observam, no trabalho do mesmo jeito, nos bancos, no elevador até nas ruas, nos semáforos. Poxa! Quero de volta meu direito de pôr o dedo no nariz sem que nenhuma câmera me flagre.

No ônibus, pelo menos aqui em João Pessoa, a bilhetagem é eletrônica. Para comprar o cartão você dá seus dados então, se for da vontade das empresas elas sabem a hora que você pega ônibus todo dia, sabem se você resolve ir a algum lugar diferente e a que horas costuma não estar em casa. Essa informações podem ser preciosas. Pro bem ou pro mal.

Os cartões de crédito então? De acordo com o seu perfil de compras, que eles sabem de cor, é possível decidir a melhor maneira de te levar a falência e ainda sabem a hora que você gosta de fazer compras, quais suas lojas preferidas, quais suas fraquezas na hora que entra numa loja, onde você gosta de comer até quem você quer comer. Olha o perigo.

Saudade de sair por ai e ter certeza de que ninguém faz a mínima idéia de onde estou ou do que está fazendo, cometer pequenos, deliciosos e inofensivos pecados. É tão bom ficar sem celular de vez em quando, sem computador, sem câmeras, sem amarras, sem obrigação de prestar contas a todo mundo.

No trabalho, sabem os sites que visito, em casa querem saber de onde vim e para onde vou. E se eu não quiser que as pessoas saibam tudo da minha vida? Ainda tenho direito? Acho que até nos banheiros tem câmeras agora.

Sempre achei engraçado pessoas famosas falarem que ninguém respeita sua privacidade, bom, então por qual motivo correram tanto atrás da fama? Essas pessoas não têm lá muito direito de cobrar paz para namorar ou andar de chinelo, mas eu posso, não sou famosa e nem pedi pra ninguém ficar de olho em mim. Pode até ser para minha segurança, mas eu não quero. Não pedi para ninguém fuçar na minha vida.

Já não basta morrer de vergonha ao encontrar com meus entrevistados mais importantes na fila do supermercado de havaiana e camiseta. Tenho direito de usar havaina e camiseta e mandar o salto alto para PQP fora do meu horário de trabalho. Tenho direito de não usar batom para ir comprar pão e que ninguém saiba se passo a noite na internet lendo Shakespeare ou vendo pornografia.

Para o dicionário, privacidade é a habilidade de uma pessoa em controlar a exposição disponibilidade de informações e acerca de si. Relaciona-se com a capacidade de existir na sociedade de forma anônima (inclusive pelo disfarce de um pseudônimo ou por um identidade falsa). Para um tal de Túlio Vianna, professor de Direito da PUC Minas, que achei no Google, o direito à privacidade se divide em 3 outros direitos que, em conjunto, caracterizam a privacidade: 1 -Direito de não ser monitorado, entendido como direito de não ser visto, ouvido, etc. 2 - Direito de não ser registrado, entendido como direito de não ter imagens gravadas, conversas gravadas, etc e 3 - Direito de não ser reconhecido, entendido como direito de não ter imagens e conversas anteriormente gravadas publicadas na Internet em outros meios de comunicação.

É piada! Quem ainda tem esses direitos, eu não os tenho a muito tempo. O banco sabe quanto ganho, o cartão de crédito, sabe onde como, o cartão do ônibus sabe onde vou, on GPS do celular sabe onde estou, os fofoqueiros de plantão sabem com quem estou e as cameras de celular provam a quem quiser.... todas sabem minhas fraquezas, minhas mediocridades, isso porque afinal, quem se importa em conhecer o lado bom de alguém?

Por isso que preferi o anonimato no blog, mas olha, todo mundo me conhece, meu texto é facilmente reconhecido e nem assim consigo me esconder. Quem sabe esse Big Brother me eduque? Ou me torna falsa e hipócrita? Quem sabe as consequencias de não das as pessoas o direito de ficarem sós consigo mesma e serem quem são.

Bons tempos o que se podia ser vil, ter pensamentos menos nobres e fazer coisas inconfessáveis escondido. Bons tempos.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008



Eita, saudade... (por Butterfly)

Assim que eu e minhas amigas inseparáveis batemos o martelo para pôr em prática nosso antigo projeto de publicar nossos textos, onde quer que fosse o veículo (net, tv, jornal, revista, internet ou sinais de fumaça), de imediato pensei no tema do meu primeiro texto: SAUDADE. Acabou que ele não foi meu texto de estréia, mas estou aqui para me redimir.
Saudade, palavra só conhecida na língua portuguesa é um mistura dos sentimentos, que podem ser causados pela distância de alguém que já se foi, do tempo que não volta mais, ou simplesmente das pessoas que foram “separadas” por motivo de mudança de cidade, estado, ou país, o que é o meu caso.
Estou longe de casa, há mais de uma semana, há mais de um mês, há quase três anos... Milhas e milhas distante dos meus “amores”. Aqui formo uma família ao lado do meu “lindo”, este é só um dos apelidos que coloquei no meu amor, abrigo, marido, irmão, pai, amigo. Se não fosse todo amor que sinto por ele...
... A fé que tenho em Deus e a energia de todos que me amam aí no Brasil, seria impossível ficar tanto tempo longe do meu ninho. Eu não suportaria viver assim com meu coraçãozinho que fica miúdo toda vez penso na minha família e nos meus queridos amiganjos ou irmanjos, como costumo dizer.
Pior que a saudade que eu sinto de todos que fazem parte de minha vida, é o sentimento de impotência quando eu sei que uma dessas pessoas queridas está precisando do meu ombro amigo, de um colo, ou simplesmente de minha companhia silenciosa. Sinto-me assim mesmo, uma maesona que precisa colocar todos os filhos de baixo das asas, para tentar protegê-los das mazelas deste mundo.
O texto está pesado, eu sei. Soa como um desabafo... Não era pra ser. Mas serve também de alerta para todas as pessoas que têm familiares e amigos aí bem pertinho. Muita gente diz que não tem tempo de visitar um amigo que mora em outro bairro. A alegação é sempre a mesma: FALTA DE TEMPO! Eu respondo: - MENTIRA! Coitado do tempo, ele não tem nada haver com isto. A FALTA mesmo é de vontade, de interesse, ou vergonha na cara (risos). Nossa, estou sendo dura! Mas é verdade.
A distância é talvez uma das formas mais cruéis de se perceber a importância das pessoas em nossas vidas. Graças a Deus eu nunca precisei disto para saber valorizar quem eu amo. Mesmo assim, faço valer cada segundo quando vou ao Brasil visitar todos que estimo profundamente. Faço questão de marca encontros com a turma da escola, a turma da faculdade, da turma do coral, a turma de Igreja e as amigas e amigos que estão comigo há mais de 10 anos. Esses são mais que amigos, são anjoirmãos mesmo. Para não deixar ninguém enciumado, não vou citar nomes, mas quem é meu amigo mesmo, sabe quem faz parte de minha lista, né mesmo?
Li esta semana um texto que me fala um pouco mais sobre a importância de demonstrar nosso amor e sentimento de gratidão para as pessoas que amamos hoje, agora. A história era um desabafo de um rapaz que havia perdido a namorada em um acidente de avião. Ele começa o depoimento com a frase Se eu ao menos eu soubesse que esta seria a última vez que iríamos nos ver, diria que te amo, te abraçaria mais forte, te cobriria de carinho... E por ai ele segue lastimando pelo que deixou de fazer.
É clichê, mas a gente realmente se esquece de viver cada dia como se fosse o último de nossa vida. Esquecemos de tantas coisas realmente vale a pena nesta vida e passamos a nos preocupar com picuinhas, com a droga de uma unha quebrada, com a da sandália melada de merda, com o telefone do celular que não pára de tocar o dia todo... Enquanto isto, aquele parente distante ou amigo esperam por um simples: - olá, tudo bem?
Pense nisso, faça sua vida valer a pena todos os dias. Se você está com raiva, perdoe. A mágoa só vai fazer mal a uma pessoa: você! Ligue agora... Vá agora encontrar quem você ama, pois o futuro a Deus pertence e talvez o amanhã nunca chegue! Não morra de saudade, viva de saudade e não faça disto um sofrimento, mas um motivo que te faça valorizar mais e mais que você ama. “Saudade, sim! Tristeza, não!”

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008


Por Livremar

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Você se lembra? Por Butterfly


Não sei bem explicar esta saudade de tantas coisas que me remetem ao ontem. Fico perplexa quando ouço alguém dizer que não sente saudade de nada do seu passado. Se para mim às vezes é difícil sentir saudade, principalmente das coisas boas, das lembranças do tempo que não volta mais, imagino como deve ser para alguém ter que olhar para atrás e não sentir falta de absolutamente nada. É estranho, não é? Mas é muito mais comum do que você possa imaginar. Tem gente por ai que nem gosta de comemorar seu réveillon particular, ou seja, aniversário. Vai entender! Mas este é um assunto para ser discutido em outro oportunidade...
Até hoje recordo cheia de saudade das brincadeiras da infância. Barra bandeira, baleado, pula corda, elástico, amarelinha (eu dizia academia), vôlei com mais de 6 jogadores de cada lado, concursos de desfile ao som de Manequim do Dominó... Uma pena que naquela época tirar foto era artigo de luxo, não é como hoje que todo mundo tem uma câmera digital. Nossa, estou ficando velha mesmo.
Naquela época nem falávamos em internet. Moderno mesmo era fazer curso de datilografia e eu fiz, aos 14 anos de idade (risos). Sou da época de fita cassete e do disco de vinil. Pode até achar estranho, mas eu sinto falta daqueles LPs grandes, pois muitos vinham com fotos grandes e pôsters dos nossos cantores favoritos. Apesar dos carões de minha mãe, eu sempre colava fotos dos meus ídolos na porta do quarto.
Outra coisa que eu adorava fazer era colecionar papel de carta, álbuns e fotos de artistas. Guardava tudo em minhas pastas, com aqueles milhares de plásticos. Alguém ainda tem algum papel de carta? Eu dei tudo para minha sobrinha. Risos.
Minha infância foi ótima e acho que vivi na melhor época. As TVs brasileiras dedicavam horas de sua programação para as crianças. Eram tantos programas legais! Só o SBT tinha: Bozo, Simoni, Mara (minha favorita), Sérgio Malandro e Mariane. A manchete tinha a azeda da Angélica.
Enquanto isto, nas manhãs da Globo, Xuxa reinava sozinha, ou melhor, com sua grande turma composta por praga, dengue (até hoje não entendi como alguém coloca um nome de mosquito desses, para um boneco de programa infantil), moderninho (iéié), as paquitas (que menina nunca quis ser uma?) e os paquitos gatérrimos (eu adorava o Róbson, que tempos depois descobri que estudou com minha cara-metade).
E os desenhos? Ai ai. Quem nunca cantou ou ouviu: No meu sonho eu já vivi um lindo conto infantil, tudo era magia, era um mundo fora do meu e ao chegar desse sono acordei foi quando correndo eu vi um Cavalo de Fogo ali. Que tocou meu coração. Quando me disse então que um dia a rainha eu seria. Se com a maldade pudesse acabar e o mundo dos sonhos pudesse chegar. Numa distribuição World Vision: Cavalo de Fogo (risos). Eu aprendi tudinho. Outros hits favoritos eram a abertura de Jem e as Hologramas e Get along, get, get along (A nossa turma). Ria de me acabar com o cinismo do Snoopy e do pica-pau maluco. Adorava os desenhos de Hanna Barbera (Corrida Maluca, Jetsons, Flinstones, Mussarelas)...
E o que dizer dos brinquedos? De preferência tinha que ser da Estela. Tá certo que até hoje eu vivo traumatizada porque não tive uma Barbie ou uma caloi, mas eu pude aproveitar um pouco quando minhas colegas deixavam eu brincar, kkkkk. Eu tive uma Suzie, uma fofolete, um fofão e uma chuquinha, tá? (risos). Pogobol foi frebre e pirocóptero também. Apesar disso, para um amigo especial, este objeto voador, que era brinde para quem comia dipn’lik (eu adorava sabor uva) é motivo de trauma. Desculpa, amigo, mas tenho que contar. O coitado escreveu para o Bozo, foi sorteado e depois de semanas de espera, o presente que mandaram para ele foi um pirocóptero, pode? E o coitado esperando um vídeo-game ou uma bike (risos).Ah, se for ficar lembrando aqui da minha infância, não conseguirei colocar um ponto final neste assunto, nem no meu texto. Em resumo: é muito bom poder lembrar do passado com um sorriso largo e sempre sentir um friozinho gostoso na barriga, só de pensar no sabor da minha infância, que é um misto de bombom xaxá (sabor abacaxi), babaloo, 7belo ou pirulito do zorro. Minha infância tem sabor de quero mais!


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Bonzinhos e canalhas


Há um mito de que falta homem no mercado. Ah! Tudo bem, não é tão mito assim, mas também não há esse déficit assustador. O problema é que estamos procurando um único e definitivo exemplar “Armani” num mar de “Made in China”. Algumas cópias até são boas, enganam numa primeira e até segunda olhada, mas é batata: logo, logo, descascam ou entortam, enfeiam, perdem a cor ou te rendem uma operação de catarata ou retirada de galhos da cabeça cedo ou tarde.

Assim são os homens: existem milhares de cópias baratas e mal acabadas e não estou falado externamente, há exemplares que tem tudo pra ser um legítimo Calvin Klein e acabam se mostrando mais um exemplar vindo do Paraguai.

Mas o pior é que os brilhantes falsos são mais belos que os verdadeiros, o único é a durabilidade. Os canalhas são muito mais interessantes que os carinhas bacanas, o problema é que te dão um pé na bunda tão logo você se apaixona perdidamente.

Em toda a minha vida me passaram apenas dois brilhantes falsos, o restante eu sabia o real valor pro bem ou pro mal. O sexo é melhor, o papo é melhor, os momentos são melhores, porque os danados passaram a vida toda aprimorando suas técnicas, como numa empresa séria foram corrigindo as falhas com a prática. E lógico, os canalhas fazem muito mais sexo que os bonzinhos, por isso acabam fazendo muito melhor.

Qual é o problema com os bonzinhos? É que para maioria ser bonzinho é ser insuportavelmente chato. Alguém disse tanto isso, e como uma mentira dita muitas vezes pode se tornar verdade, todo bonzinho resolveu realmente virar chato.

Um ex-quase namorado vivia me jogando na cara que eu ia fazê-lo sofrer porque ele era bonzinho demais, então a probabilidade de eu dar-lhe um belo pé na bunda era quase total. O problema não era ele ser bonzinho, mas ser extremamente chato e sem trato com as mulheres. Foi isso que me fez encher o saco dele.

Ser bonzinho também não tem nada a ver com ser idiota, perdoando dez mil chifres recebidos, ser passivamente usado como provedor material e ser constantemente rechaçado em eventos sociais, não torna ninguém bonzinho, só bobo. Aliás as cachorras sempre tem um séqüito bem maior seguindo seus passos dos as meninas bacanas. Mesmo que essas cachorras sejam bem cachorras e façam os bonzinhos, que costumam adorar uma cachorra, de idiota, elas nunca perdem seu encanto no pobre imaginário masculino.

A diferença é que o canalha diz para todo mundo que é canalha, que é o bom e que come todas. As mulheres nunca acreditam, claro, só depois que provam e se lascam. As cachorras não, elas nunca têm culpa, são inocentes e não pediram a Deus para ser tão gostosas. São vítimas da própria beleza. Balela.

Isso aqui não é um movimento pró-canalha, só um alerta para os bonzinhos tomarem cuidados para não ser chatos e entender o motivo de estarem tão mal na nossa fita e avisar aos canalhas de que as canalhas também existem e podem vingar todas nós.
Por Orquídea

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Sentimentalismo Burguês: o moleque e eu


Tava na praia caminhando, pensando na vida, na morte da bezerra e no meu mundinho que insisto em dizer que não é perfeito e que realmente não é. Não mais que de repente um moleque me pára na rua pedindo um trocado. Sequer me preocupo com desculpas ou em ser gentil e simplesmente digo não. “Só um trocadinho, tia”, insiste.

Ai, tia!!! Tia eu não mereço! Tudo bem, tenho idade mais que suficiente para ser tia dele, já que tenho até sobrinho-neto, mas tomei abuso por quem me chama de tia. O abuso foi tomado quando lá pelo meu 18° assalto, dois, nem tão moleques, numa bicicleta me assaltaram perto da minha casa, mas (vai ter azar assim lá na China) vinha passando uma viatura da polícia bem na hora. Resultado? Todo mundo pra delegacia.

Íamos nós cinco passeando de camburão: eu, dois policiais e os dois meliantes, que deveriam ter entre 17 e 19 anos, ou seja, no limiar da quase legalidade, na linha que determina seus futuros. Passear de camburão não foi uma das experiências mais gratificantes da minha vida, pode acreditar, mas o pior, pior que não ter delegado para registrar minha queixa, pior que ter perdido o teatro e o jantar com meus primos para o qual eu estava indo quando o fato ocorreu, pior do que passar horas tirando os carrapichos que grudaram na minha bolsa, quando os dois infelizes para se livrar das provas, jogaram-na no meio do mato, foi ouvir um deles, logo o maior dizer: perdoa nós, tia!!!

Eu sinceramente não gosto de não perdoar as pessoas. Eles já estavam perdoados por terem me assaltado, de coração, até porque eles quem saíram no prejuízo, não levaram nada, passaram uma noite pelo menos na delegacia e ainda amassaram a bicicleta tentando fugir. Mas havia algo que eu não podia perdoar: aquele moleque galazão ter me chamado de tia.

- E eu lá sou sua tia? Tia o cara... (lembrei que estava numa viatura) ...amba. Vocês me fazem perder meu teatro, sujam minha bolsa preferida, tentam me assaltar... meu amigo, eu sinto muito, nem que eu quisesse dava pra liberar vocês – digo sem olhar para trás onde estavam os dois, afinal eles sabiam onde eu morava, me ouviram dizer meu nome aos policiais e tinham visto bem minha cara, mais maquiada do que o normal, mas tinham visto.

Mais voltando ao tia do começo do texto, olho praquele pirralho que até tinha idade para ser meu sobrinho. Deu uma dó dele, que chance aquele moleque ia ter na vida?... olhei para ele inicialmente com cara feia, pois uma vez um moleque fingiu precisar de ajuda e quando fui ajudá-lo, tentou levar meu relógio (minha sorte é que vinha da escola e dei uma mochilada nele. O pobre foi parar alguns metros adiante antes que abrisse meu relógio que tinha um fecho complicadíssimo), depois disso passei a ter receio dos molecotes de rua.

- Pra que você quer dinheiro, menino? Disse eu ainda longe de aparentar algo semelhante a bom humor.

- Tô com fome.

-Tu ta mesmo com fome?

-Oxi! Táaaa!!! To, né tia? Ia mentir pra quê?

- Então vem!

Puxei o moleque pela mão, levei numa lanchonete e disse: aproveita.

-Posso pedir o que quiser?

-Fica a vontade.

Ele não pediu muito, só um lanche simples, coisa que criança gosta: salgadinho, bolo de chocolate, refri.... olhou pra mim, sorriu e disse:

- A senhora é dessas que não dá dinheiro, né? Acha que a gente vai comprar cola.

Juro que nem tinha pensado nisso, mas não sei porquê preferi o lanche a esmola (palavra péssima), acho que inspirada na minha mãe, que é assistente social. Lembrando que aquele moleque com fome podia ser meu pai, que passou maus momentos na infância, não virou trombadinha, mas passou por pobreza e desesperança, mas hoje é advogado, funcionário federal concursado, um homem de bem só porque alguém lhe estendeu a mão um dia. Não foi um lanche que o livrou de uma vida ruim, mas alguém que acreditou nele, que não teve medo ou receio. Tentei mostrar ao garoto que confiava nele.

- E você ia comprar cola? -perguntei.

- Eu não, tia, presta não.

- Muito bem. Você estuda?

- Estudo sim, mas tô de férias.

- Tem família?

- Tenho mãe e dois irmão.

Ele me conta que a mãe dele não é nenhum exemplo de candura, não é do tipo que espanca até tirar sangue, mas não sabe o que é um elogio ou incentivo. Ela conseguiu fazê-lo acreditar que não é nem nunca vai ser nada. Ele acaba o lanche e eu estou atrasada para o trabalho. Olhei para ele, me abaixei para olhá-lo nos olhos e falei:

- Escuta: primeiro, nunca deixe de estudar, porque isso pode realmente mudar sua vida. Segundo, continue sendo honesto, se sentir fome, peça, se ofereça para fazer algo, mas não pegue nada de ninguém, entendeu? Terceiro você é importante, é inteligente e tem direito de ser feliz.

- Entendi sim, sou doido de roubar, não, presta não.

Paguei o lanche o fui embora, carregando aquilo que chamam de “sentimentalismo burguês” e me sentindo péssima.

Acho que a única coisa que ele entendeu realmente foi o “não roubar”. Não fiz nada por aquela criança, não ajudei, a vida dela continuou a mesma e me senti triste, omissa, egoísta. Fiquei pedindo a Deus para que aquele menino tenha realmente absorvido algo do que eu disse e eu não venha a reencontrá-lo numa delegacia da vida com minha bolsa em suas mãos.

Por Orquídea

De Rosie a Manoi AT01, onde vamos parar? (por Butterfly)



Quem já assistiu filmes e séries de ficção científica dos anos 60, a exemplo de Jornada nas Estrelas ou o famoso desenho “Os Jetsons”, um dia já deve ter sonhado em ter uma Rosie (aquela empregada robô 1.001 utilidades) ou então com aqueles “carros-voadores” para fugir dos congestionamentos, não é verdade? Até pouco tempo atrás era absurdo acreditar que aquelas parafernálias, frutos da imaginação de seus criadores, um dia se tornariam realidade. Até que...

Chegamos a 2008 e muito do que era ficção, hoje está ai em sua casa ou nas últimas notícias veiculadas pelos meios de comunicação. São computadores de vários modelos, mp3, mp4, mptudo, celulares, webcams, máquinas digitais e até mesmo robôs humanóides. Ninguém pode negar que todos estes avanços tecnológicos têm facilitado as nossas vidas. A questão é: até que ponto eles são úteis ou supérfluos, benéficos ou maléficos?
O Manoi AT01 é um desses exemplos tecnológicos fruto da robótica. Ele tem 34 cm e 1,4 kg, mas ainda não pode cumprir tarefas domésticas, como a Rosie dos Jetsons. O que ele faz então? Escuta desabafos e reclamações. Quem quiser ter um desses, poderá comprá-lo a partir de Setembro, no valor estimado de US$ 1000,00. Isto mesmo, você paga para ter alguém que ouça seus desabafos e reclamações! Absurdo? Inacreditável? Uma maravilha?
Outro dia, li na internet que inventores holandeses criaram um robô frentista para trabalhar em postos de gasolina. Detalhe: a novidade foi inspirada nos robôs que ordenham vacas em fazendas de leite e custa cerca de R$ 190 mil. A previsão é que eles estejam em atividade em alguns postos da Holanda no final deste ano. Já imaginou se esta “moda” pega no Brasil?
Se você parar para pensar em quantas pessoas que morrem por causa da fome ou da violência, enquanto são investidos milhões de dólares em robôs e novas tecnologias, não fica difícil responder a questão. Em contrapartida, através do desenvolvimento tecnológico, novas descobertas científicas também ajudam a humanidade, não é verdade? A partir daí, percebemos que o “X” da questão está no bom-senso e equilíbrio de como tudo é feito no mundo.
O fato é que algumas autoridades mundiais, mentes brilhantes ou anônimos deveriam focar suas atenções para o que elas estão fazendo com a Terra. Enquanto muitos gastam “rios de dinheiro” procurando vizinhos extraterrestres ou fabricando robôs que dançam, mexem o dedo, ouvem desabafos, nossos “rios secam”.
Com o problema do aquecimento global em alta e a nossa preciosa água em baixa, muitas pessoas começam a se conscientizar sobre a importância de cuidar da Terra. Entramos numa corrida contra o tempo e se não fizermos nada, não existirá nada o que fazer e robô nenhum no mundo que salvará o nosso planeta. Então, a humanidade saberá distinguir o que deveria ser real ou continuar fazendo parte dos filmes e séries de ficção dos anos 60.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Sintomático

Recebi há pouco um e-mail no mínimo engraçado, mas sintomático. Era um alerta pseudo-religioso (leia-se fanático ou destemperado) sobre a música Poeira (cujo nome verdadeiro é Sorte Grande), sucesso na voz da baiana Ivete Sangalo. Para começar não sou lá muito fã de música baiana daquele estilo retardado (levanta o braço, sobe a perna, dá tchauzinho), mas não posso negar que lá pelos meus doze ou treze anos adorava o Chiclete com Banana, Asa de Águia. Até fui a uma micareta da vida há uns 3 anos e confesso que me diverti. Fiquei emocionada quando entrevistei Bel Marques, lembrando da minha infância regada a Chiclete e acho Ivete muito louca (no bom sentido). Mas particularmente não compraria um cd deles, nem pirata. Fora as baixarias de algumas bandas acho a música baiana no máximo inofensiva.

Aí hoje recebi um e-mail de uma pessoa com a qual já havia me irritado por conta do fanatismo religioso anteriormente, mas prego batido e ponta virada, nada de mais. Peguei um ar danado com ela ano passado com a mania desse povo de achar que fora eles o resto da humanidade vão tudinho pro oitavo dos infernos.

(Esse povo a que me refiro são algumas correntes evangélicas, deixo claro que não todas, e já são objeto do meu abuso há algum tempo. Só eles até agora me irritaram, mas se me aparecer um budista, um católico, um mulçumano ou Hare Krishna com o mesmo comportamento minha reação é a mesma.)

Esquecida essa pendenga, reestabelecida a paz, continuo a receber seus e-mails deixando bem claro que só discuto religião até o limite do racional. Pois bem, recebo hoje um e-mail que não chegou a me irritar, mas me deixou boquiaberta com a capacidade humana de inventar coisas para tirar o sossego dos outros, assustar incautos ou atribuir uma áurea demoníaca a alguém cujo maior pecado é ser popular. Isso é sintomático.

Não vou citar o nome de quem me mandou o e-mail, pois não tenho nada particularmente contra essa pessoa e tenho até um pouco de dó de alguém que abandona por completo a racionalidade, não estou dizendo que ela é burra ou ignorante, pelo contrário, só que aprendeu a ver as coisas por um único ângulo quando tudo tem pelo menos dois lados, e ainda teve a má sorte de escolher um ângulo meio distorcido pelo qual enxergar.

Vamos a questão propriamente dita antes que alguém crie ódio de mim.

Recebo o e-mail. Quanto vejo algum alerta no título do e-mail como cuidado, atenção ou perigo, isso por si só já me tira 90% do tesão de ler o e-mail pois sei que no mínimo lá vem mais uma lenda urbana para me aporrinhar (ou, se for muito boa, me matar de rir).

A primeira frase dizia que não se tratava de fanatismo (ah-ham, sei) e sim de uma alerta para quem anda cantando a música. Vou transcrevendo o e-mail e fazendo algumas intervenções entre parênteses:”Um Alerta pra Você! Deixo claro que isso não é fanatismo (sei), pelo contrário, é a pura realidade (an-han). Conversando com uma pessoa há poucos dias, estávamos falando sobre música. Essa pessoa mencionou um detalhe de uma música que está sendo bastante tocada ultimamente (já foi mais), não só nas rádios como também na TV e até nas ruas. Pessoalmente eu conhecia o refrão, mas não havia prestado atenção no restante, exatamente por isso, achei que seria interessante passar este alerta, caso ainda não o tenham notado e também para que possam alertar alguém que porventura esteja cantando esta música, em especial alguns jovens.”

“Trata-se da música: Poeira - Ivete Sangalo. A letra diz em parte: 'A minha sorte grande/ Foi você cair do céu/ Minha paixão verdadeira/ É lindo teu sorriso, o brilho dos teus olhos/ Meu anjo querubim/ Chegou no meu espaço mandando no pedaço/ Um amor que não é brincadeira/ Pegou me deu um laço/ Dançou bem no compasso e de prazer, levantou poeira”

O restante do e-mail na íntegra: “Vamos aos detalhes: '...Foi você cair do céu'; Quem foi que caiu do céu? Apocalipse capitulo 12 versículo 9 diz: 'Foi lançado para baixo o grande dragão, a serpente original, o chamado Diabo e Satanás, que está desencaminhando a toda a terra habitada; ele foi lançado para baixo, da terra';'... É lindo teu sorriso, o brilho dos teus olhos... 'Olha o que Ezequiel capitulo 28 versículo 17 diz a respeito de Satanás: 'Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos rei pus,para que te contemplem' . ?... Meu anjo querubim... '; Isto confirma que está se referindo a um anjo e confirma que é Satanás, pois a descrevendo a Satanás, Ezequiel capitulo 28 versículo 14 diz: 'Tu eras querubim ungindo para proteger, e te estabeleci, no monte santo de Deus; estavas, no meio das pedras andavas. ?... Chegou no meu espaço; Mandando no pedaço...'Que será que quis adoração só pra si, querendo mandar em Deus, a quem os anjos e humanos deviam servir?...Pegou me deu um laço... 'Quem é descrito em primeiro a Pedro capitulo 5 versículo 8 diz:'...Como leão que ruge procurando a quem devorar ou a quem enlaçar?”

E termina dizendo que quem tem vergonha de passar essa mensagem adiante tem vergonha de crer em Deus. Hein!!!???

Cara, poucas vezes vi uma coisa tão louca. Claro, a gente só vê aquilo que acredita. Para mim quem escreveu isso tem tanta intimidade com o mal e acredita tanto nele que o vê em tudo que nos cerca. Acredito no poder das palavras sim, mas acredito que o poder delas vem da força do nosso coração. Para essas pessoas parece que o mal pode mais do que Deus. Minha gente, essa é uma musiquinha das mais inofensivas, não é nem um Creu ou To Ficando Atoladinha da vida. É uma letrinha de amor....boba, absolutamente inofensiva, quem vê nisso o mal é porque sinceramente tem muito mal no coração. Repito: é sintomático.

É porque se pensa menos em Deus e mais em ter sempre razão que tantas “Guerras Santas” já foram travadas. E isso não é exclusividades do Islã, que tem mensagens de amor e tolerância lindas e compartilha alguns livros da bíblia com os cristãos...

Sei lá... acho que o amor a Deus é muito mais que encher o saco dos outros vendo maldade onde não tem... é estender a mão a quem precisa, é amar sem ver cor, credo ou carências, é respeitar, é tolerar, coisas quem nem sempre eu consigo fazer, mas que são poucas as pessoas que conseguem.

E segue o e-mail criando paralelos diabólicos para versinho singelos como “você caiu do céu” e “chegou no meu espaço”. O e-mail é uma viagem tão grande e tão sem-noção que nem vale a pena reproduzir. Só falo dele aqui pra alertar: é sintomático. É bom prestar atenção nos sintomas que nos estamos apresentando, será que a gente não exagera em algumas coisas, distorce outras... sintomas de problemas que precisamos resolver se queremos um mundo melhor.A única frase que goste e digo pra vocês: QUE O SENHOR TE ABENÇOE!

Amém.

Por Orquídea

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O reinado do Creu

Tá, estou chovendo no molhado, eu sei, mas preciso falar.

Ouvi uma, duas, três, quatro, segurando as pontas e pedido forças a Deus, cinco vezes o danado do Creu e cheguei a conclusão de que não sou normal. No carnaval quando vi aquela multidão deitada no chão simulando uma relação sexual com a calçada (pobre calçada) sem o menor constrangimento cheguei a conclusão de que a humanidade não tem mais jeito nem mais para onde descer.

Tudo bem que gosto não se discute e que por isso o conceito de bom gosto é mais do que relativo, mas não consigo entender o que se passa na cabeça de alguém que não apenas dança, mas ouve a dança do creu e ainda espalha para todo mundo com orgulho.

Ontem estive num chá de bebê e várias prendas consistiam em cantar ou dançar músicas do momento, ainda bem eu não tive que pagar alguma, porque simplesmente não conheço essas músicas, me recuso. Já me perguntaram em que planeta eu vivo já que não conheço nenhumas das músicas que andam tocando nas rádios e na TV, mas eu simplesmente não consigo.

É o meu protesto silencioso, só escuto os cds que já tenho (sem querer ser besta, mas a maioria originais, só compro pirata se não achar em loja ou estiver bem na pindaíba) e algumas coisas mais antigas que já tenho. Não sou metida a intelectual chata que só ouve música clássica e no máximo um Chico Buarque (se bem que gosto tanto que no amigo-secreto de 2007 ganhei um cd dele e quem me deu disse que é a minha cara) e adoro música regional, de raiz, coisa e tal, mas me recuso a dizer que a banda Calypso por exemplo (detentora de 89,9% do meu ódio pela música da moda) me represente culturalmente, que aquelas letras cafonas conseguem me parecer, mesmo longinquamente românticas, acho inadmissível sonhar que a voz da Joelma é bonita (ela canta com um laranja na boca e de nariz tapado), que ela é afinada (só pode ser piada), que ela é bonita (gostosa até aceito, mas bonita nem em sonho) e que sabe dançar (se pular e jogar o cabelo for dançar...)

Bom gosto não é uma coisa tão relativa assim. O amor é uma temática recorrente na música, mas não é a única coisa. Mas as músicas hoje circulam em torno de dois temas. A primeira temática é a sexual abordada da forma mais absurda possível. A segunda é a traição, com direito a volta por cima, que geralmente tem pitados de sexo no meio. Mas é sempre um amor cafajeste, ruim e baixo. O sexo sempre parece vulgar, banal e nojento. Cara, o amor é divino e o sexo, segundo a professora me disse na 3ª série primária, é a coisa mais bonita que pode acontecer entres dois seres humanos, mas quando eles são verdadeiramente seres humanos e fazem sexo por desejo, por tesão que seja, até sem amor, mas sem baixaria e não em público respeitando o pudor de quem ainda tem.

Sinto-me vivendo numa dimensão musical paralela. E particularmente prefiro continuar nela ouvindo minhas velharias do tempo em que música era a união de acordes agradáveis com uma letra no mínimo bem bolada.

http://www.kboing.com.br/script/radioonline/busca_artista.php?artista=mccreu&cat=music

Por Orquídea (quase selvagem rsrsr)

Colapso na música brasileira: Tapem os ouvidos (Por Butterfly)


Eu tenho fé que um dia a música brasileira vai melhorar, porque pior do está não pode ficar! Ninguém sabe o que é mais pavoroso: as letras, o nome das bandas ou o figurino daqueles que ousam se intitular como músicos. No Brasil, todos os dias nascem e morrem talentos que não têm oportunidade de divulgar seus trabalhos, pois as gravadoras prestigiam, na maioria dos casos, o que há de mais nocivo aos nossos ouvidos, olhos e por que não dizer coração?

A justificativa das gravadoras é este tipo de negócio gera mais lucro. “Ok”, é lamentável, mas é fato. Essas “coisas”, infelizmente, vendem mesmo! Fazer o quê? Penico e papel higiênico também são muito vendidos, a diferença é que eles são essenciais para nossas vidas, já essas bandas...Tem muita gente no Brasil que gosta de ouvir berros pré-orgásmicos, ao invés de vozes afinadas; e ver passos de danças acrobáticas, que mais lembram os duplos mortais carpados da ginasta Daiane do Santos, ao invés de coreografias bem trabalhadas. Nessas horas eu me pergunto: Se Mozart estivesse vivo o que ele iria achar de tudo isto? E como será que bailarinas com o nível da Ana Botafogo devem se sentir? Estrelas como Mozart e Ana Botafogo entraram para história, pois serão eternamente reconhecidos por mostrarem ao mundo a arte bela; fruto de horas e horas de ensaios e, claro, muito talento. No Norte e Nordeste do Brasil virou febre as bandas de “forró descartável” fazerem versões de músicas internacionais. Eles aproveitam as melodias das músicas e criam letras estapafúrdias que nada têm haver com a versão original. Não é difícil ouvir, a cada esquina, versões distorcidas de músicas cantadas por Madonna (Like Virgin), Heart (Alone), Mr. Mister (Broken Wings), Kansas (Dust in the Wind) e pasmem, tem até a versão de How can I go on, que um dia foi tão bem cantada por ninguém mais, ninguém menos que Freddy Mercury e a cantora lírica Montserrat Caballé. Fico imaginando como estas bandas conseguem autorização para fazerem estas versões em português. É muito difícil acreditar que todos estes cantores internacionais tenham permitido que estas versões tão toscas tenham sido gravadas no Brasil. Quem realmente entende que a verdadeira música nasce depois de horas de ensaios, para que tudo seja apresentado com harmonia e beleza ao público, sente até vontade de chorar quando liga o rádio ou a TV e se depara com bandas com nomes esdrúxulos e coreografias patéticas. Isto sem contar com o figurino pra lá de esquisito, apresentado por alguns cantores e dançarinos. Para piorar, os operadores das câmeras fazem o desfavor de aproximarem o zoom da câmera, mostrando ângulos quase uterinos das dançarinas. Nessas horas, qualquer mulher que se der o respeito, quando assiste aquilose sente mal. Não se trata de falso moralismo ou apologia à censura, mas uma simples discussão sobre o que é de bom gosto, bom senso e ressaltar que tudo tem limite. Com certeza as pessoas que têm o mínimo de educação e senso estético, quando se deparam com estes grupos na TV ou rádio, não pensam duas vezes para mudar de canal ou estação do rádio. Mas e quem não teve oportunidade de estudar para fazer este tipo de escolha? E para piorar a situação, os veículos de comunicação, que deveriam ter a responsabilidade social de levar à população menos favorecida os grandes nomes da cultura brasileira, comungam da mesma idéia das gravadoras brasileiras e seguem dando cada vez mais espaço para o que há de pior no país. Tornou-se um ciclo vicioso que parece não ter mais fim. A sorte é que o Brasil, por ter uma extensão continental, é berço de vários talentos que nos fazem acreditar que ainda resta uma esperança. Enquanto existirem estrelas como Marisa Monte, Ana Carolina, Zé Ramalho, Maria Bethânia, Djavan, Jorge Aragão entre outros; e lembrarmos de Luiz Gonzaga, Renato Russo, Taiguara, Sivuca, Chiquinha Gonzaga, Tom Jobim, Pixinguinha...veremos uma luz no fim do túnel para que o Trenzinho Caipira de Heitor Villa-Lobos possa passar, trazendo em seus vagões os ritmos e canções que precisamos escutar. Então poderemos dizer com orgulho que o Brasil é celeiro de estrelas de primeira grandeza e não estrelas “decadentes”.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Quem tem medo do aquecimento global?

Tá bom, tá bom! Já sei que o assunto é manjado, mas preciso falar também. Dias desses estava vendo um dos telejornais noturnos com a minha mãe ao meu lado. Estava sendo noticiada uma dessas catástrofes bem horrorosas sempre causadas, pelo também manjado, efeito estufa. Minha mãe começa a ladainha: “ah! O homem é muito irresponsável, estamos destruindo o planeta e ninguém faz nada! É absurdo”.

Pois bem, concordo e calo-me. Passam-se dias e informei a minha mãe que conheci uma cooperativa de reciclagem na cidade e que a gente podia sugerir aos moradores (minha mãe é presidente do conselho do condomínio) uma coleta seletiva, nada de mais, só separar o seco do molhado e doar, ou mesmo vender para essas cooperativas. Além de ser bom para o meio ambiente, podia até baixar um pouco o preço do condomínio com a venda do material. Sabe qual foi a resposta da “Paladina do Meio-ambiente”, a senhora minha mãe? Curta e grossa: não, dá trabalho demais”.

Confesso que fiquei bege. Aliás fico sempre bege como lá em casa todo mundo critica a poluição e a catástrofe ambiental, no entanto deixam dois televisores 20”, um de 21” e outro de 29”, três aparelhos de DVD ligados o dia todo, tomam banho quente ao meio-dia no verão, jogam óleo de fritura pelo ralo da pia da cozinha, deixam todas as torneiras abertas e usa mil e quinhentas sacolinhas de supermercado para trazer um limão. Minha irmã fica no quarto com o CD player, o computador, a TV e o ventilador ligado ao mesmo tempo, além da lâmpada. Como tudo no discurso é diferente... precisava ouvir a resposta do meu pai quando sugeri que usasse sacolas de pano para trazer as compras. E nem adiantou falar das pobres tartarugas que morrem engasgadas com as sacolas.

Juntar o óleo e entregar nos postos de coleta para virar sabão em vez de poluir os lençóis freáticos? Tá de palhaçada comigo? E é assim: todo mundo reclama das inundações em áreas de risco, mas não hesita em jogar um papel de bala pela janela porque que vai entupir as galerias. Todo mundo fala que o ar está poluído, mas não se dispões a ir de ônibus para trabalho pelo menos uma vez por semana (o que além do ar, melhoraria o trânsito). Reclama da falta de água e lava as calçadas. Diz que tudo é culpa do homem! Ah! Super bacana! Eu também concordo, mas é preciso lembrar que os homens somos nós: eu e você. Não é o vizinho, o presidente americano ou um caçador: somos todos nós.

Acho na verdade eu sou a única pessoa no mundo assustada com o aquecimento global, que tem uma agenda do Greenpeace de papel reciclado, não joga lixo na rua e usa copos de vidro para beber água mesmo no trabalho. Sei que faço nada, nada mesmo para mudar. E lamento que as pessoas também só reclamem e também não façam e ainda falem mal de quem faz. Comentei com uma amiga minha que na clínica onde fui fazer uma ultrassom pélvica tinha um cartaz em cima do bebedouro: “Por favor utilize o mesmo copo até encher a bexiga. Colabore com o meio ambiente”. Achei massa, mas a maioria das pessoas disseram que o dono da clínica era amarrado, pão-duro. Que fosse, mas usei só um copo. Quando comentei do engenheiro que reaproveita a água da chuva e a da máquina de lavar para dar descarga, disseram a mesma coisa. Que seja. Mas ele está fazendo algo.

Uma das minhas maiores preocupações... não, é a maior mesmo, é com a água. Principalmente por acompanhar dia a dia os açudes que secam no meu estado e os municípios que dependem dos carros-pipa. A gente sente o aquecimento na pele, mas se tranca num mundo com ar-condicionado, que só piora a situação e esquece do resto. Por favor, por mim, por você, por quem ama, não esqueça. Faça alguma coisa, faça a sua parte. Cala a boca e faça alguma coisa e logo, pára de fingir que não é com você. Quer começar? Dá uma entrada nesses sites e mãos a obra. Ainda acredito em você.

http://www.uniagua.org.br/
http://www.wwf.org.br/participe/dicas/index.cfm
http://www.cprh.pe.gov.br/ctudo-secoes-sub.asp?idsecao=136

E se você for no Google acha muito mais.

Por Orquídea