sexta-feira, 7 de março de 2008

Sou “brasileira-não-puta” (por Butterfly)


Amanhã é o dia internacional da mulher, viva!!! Viva o quê? O que as mulheres brasileiras, em especial, têm a comemorar? São tantos casos de violência doméstica, assédio sexual e preconceito...
“As Mulheres brasileiras são todas vagabundas, putas, prostitutas...”. É triste, mas esta é a realidade. É assim que nós somos vistas no mundo inteiro. Já ouvi relatos degradantes de amigas que moram em Portugal, Holanda, Espanha, Dinamarca, Alemanha e Estados Unidos. Em todos estes lugares, todas, sem exceção, foram discriminadas e vistas como vagabundas. Detalhe: todas são mulheres casadas, trabalham e são mães.
Falo isto também por experiência própria. Outro dia estava com uma blusa do Brasil, esperando o ônibus, quando um gringo me ofereceu $ 2 mil dólares para “passear” com ele. Pode?! Esta não foi a primeira vez que fui abordada por um homem atrevido. Cansei-me de recusar caronas... E olha que nem uso roupas provocantes e muito menos sou mulata e poposuda. Imagina se eu fosse! O fato é: dizer que é brasileira no exterior é bom negócio apenas para quem realmente é do “ramo do entretenimento sexual...”.
Não sei bem explicar, mas toda vez que digo que sou brasileira, sinto-me violada por um homem que pode ser gringo, latino, europeu, asiático... Não tem jeito, eles sempre nos olham de uma forma diferente! Pensam que todas são fáceis, oferecidas, descartáveis...
Muitos homens ficam surpresos quando eu digo: sou casada, jornalista, trabalhadora. Às vezes, quando digo que sou brasileira, sempre tenho que enfatizar que sou CASADA, em outras palavras: estou indisponível, sou brasileira-não-puta! É como se eu fosse uma exceção...
Esta idéia distorcida e generalizada sobre nós é fruto do turismo sexual brasileiro, que é oferecido ao redor do mundo a preço de banana. É fruto do fio dental das praias. É fruto do carnaval, que promove uma orgia visual, exibindo mulheres semi-nuas para o mundo inteiro.
De quem é a culpa? Até quando isto vai continuar acontecendo? Não sei, mas enquanto venderem a imagem de que o Brasil é o país onde tudo é possível... Enquanto houver espaço para “músicas” e bandinhas merrecas que tratam as mulheres como cachorras e tchuchucas... Enquanto as mulheres-brasileiras-não-putas ficarem caladas... Continuaremos sendo vistas como “as mulheres de vida fácil”, “as mulheres do creu”.


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