terça-feira, 11 de março de 2008

Do gliter eu vim, ao gliter voltarei... Ah! Essa tal de auto-estima...(por Orquídea)

Tenho uma blusa que só uso quando minha auto-estima atinge níveis abissais, como hoje de manhã, por exemplo. Tão profundo quanto a região do mar onde vivem os peixinhos cegos é o decote da tal blusa. Mas é tiro e queda: 15 minutos de caminhadas, umas cinco secadas, três buzinadas, alguns grunhidos e dois ou três elogios e meu nível de amor próprio volta ao normal.

Essa tal de auto-estima é um troço complicado. E nem adianta dizer que ela é a chave da felicidade da mulher no mundo moderno: ela não obedece a nossa vontade e só das as caras quando bem entende. E quando ela cisma em desaparecer não há make, roupinha cara nem tintura nova que a faça retornar a luz.

Mulher é mesmo um bicho estranho, difícil até de elogiar. Sabe aquela máxima de alguém dizer: “Você está tão bonita hoje” e a mal agradecida responder: “Quer dizer que nos outros dias estou feia, é?” Mas hoje sai com a tal blusa decidida a só ouvir o que queria ouvir e me deliciei com as reações. Um bom par de óculos escuros me fez apreciar melhor as caras sem dar tanta bandeira de que estava adorando.

As vezes me pergunto por que se amar é tão mais difícil que amar aos outros e por que estamos sempre precisando da aprovação alheia quando a nossa é que deveria valer. O próprio Jesus falou: Amai ao próximo como a si mesmo. Em momento algum ele disse que era pra gente amar mais o vizinho e se achar um porcaria. Em momento algum ele disse que alguém tinha o direito de ser mais amado, mais lindo e maravilhoso do que eu. E se ele mandou, nega, quem sou eu para pensar em desobedecer.

A gente se conhece tanto, convivemos conosco mesmo tão intensamente, sabemos de cor o quão fortes e parceiros podemos ser. Nossa presença faz bem a tantas pessoas e por que a nós não?

As vezes penso que por nos conhecermos tanto, por sabermos o que escondemos debaixo do tapete é que não nos achemos tão dignos assim do nosso próprio amor. Mas, meu bem, ao conhecer qualquer pessoa, descobrimos um trilha de grãozinhos que levam para uma montanha de pó debaixo do primeiro tapete.

Mas aí é que está a sacada. Nada se cria, nada se perde: tudo se transforma. Esse mesmo pó, que pode ser terra ou um dia ter sido pele nossa, pode voar e pousar no jardim mais próximo e se misturar a terra que segura belas rosas.

É por isso que a gente devia se amar, sabe, porque de todo jeito a gente ainda serve para algo, somos lindos e úteis. Porque a gente se boicota tanto? Eu posso até ser bom, meu pó, mas prefiro ser do tipo glitter.

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