sexta-feira, 14 de março de 2008

Saudade (por Crisca)

Saudade... ô palavrinha, viu?! Não sei como vocês lidam com isso, mas eu ainda não aprendi como trabalhar esse sentimento. Como complicador, eu ainda tenho necessidade de ser onipotente, sabe? Bancar a durona, a bem resolvida, a mulher maravilha... só que tem horas que não tem pose que agüente.
Perdi meu anjo da guarda há um tempo e desde então vivi numa bolha criada por mim mesma para me proteger da dor crua de me sentir só. Proteção contra a realidade imutável de que os sonhos e planos e metas e objetivos não serão mais atingidos... e não porque um desistiu do projeto pra correr atrás de um melhor..mas simplesmente por que ele já não pode mais sequer tentar.
Saudade de quem morreu, desencarnou, viajou é uma das piores que existem. Tem a máxima “quero que você seja feliz”... mas com a tal da morte, nem isso. A pessoa não existe mais. Ela não pode mais fazer nada e a dor que se sente é puro individualismo... é a minha saudade, a minha dor, é a falta que você me faz com a sua ausência..é tudo em mim.
Hoje eu tava no Messenger, trabalhando, e o irmão do meu anjo da guarda, que já não esta nesse plano terreno, apareceu. Disse-me que estava aqui, em João Pessoa. Eu tinha a obrigação (comigo mesma) de ir vê-lo. Porém eu perdi o chão... meu coração disparou, minhas mãos gelaram, chorei muito. Depois de quase quatro anos eu teria que encarar a realidade olho no olho. Ouvir a estória toda. A bolha de sobrevivência dificilmente seguraria. Enchi o coração de coragem e fui. Pedir que o chamassem no quarto do hotel, já foi difícil. Fiquei zanzando no saguão do hotel. O mesmo comportamento, o jeito, os traços do meu anjo da guarda. Abraçamo-nos. Fazemos parte da mesma família, fazemos parte de uma mesma estória.
Ouvi o que sabia não ter tanta estrutura para ouvir. Falei de como meu coração tem vivido desde então. Ofereceu-me seu ombro e choramos juntos, como família faz. Choramos as mesmas dores, a mesma saudade. Senti como se voltasse para casa naquele instante, só que o meu anjo da guarda não estava mais lá pra me abrir a porta com o sorriso do porto seguro.
Não deixem a saudade doer tanto. Não percam tempo, nem oportunidades de dizer a quem lhes for importante o quanto eles o são. Digam, amem, abracem, cuidem, zelem e mais que tudo vivam cada segundo das suas estórias. A saudade que vale a pena sentir é dos bons momentos juntos, das risadas, da cumplicidade, do que se diz por um olhar.
Saudades.

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