quarta-feira, 18 de junho de 2008

Viciada em doação

Sou viciada em doar!!!! Acho que a ciência ainda não tem uma denominação para essa patologia que nada tem a ver com autruísmo. Me dei conta disso hoje. Ia passando por uma das principais praças da cidade quando deparei com uma unidade móvel do hemocentro. Olhei no relógio e minha frustração foi completa ao perceber que se eu parasse para fazer a coleta me atrasaria e muito para o trabalho.

Sou uma doadora esporádica, pois sempre esqueço de tirar um dia para ir aos postos de coleta, mas gosto de fazer isso. E não pense que me passava pela cabeça o beneficio das vidas que poderiam ser salvas pelo meu sangue. Gosto da sensação de estar doando algo.

No meu quarto tem sempre uma sacolinha de roupas a espera de alguém necessitado e nos meus momentos de depresão, rearrumar meu guarda-roupa, e descobrir coisas que não me farão tanta falta, é um bálsamo (mesmo que tempos depois eu perceba que aquelas coisas faziam falta sim senhor).

E isso não se restringe a objetos sem utilidade para mim no momento: gosto de presentear (não o faço com frequencia porque o dinheiro não deixa), gosto de doar tempo, novos conhecimentos e claro, sou humana, até sexualmente falando.

Vivo dizendo que quando morrer podem doar todos os meus órgãos e até os cabelos para fazer mega hair.

Essa mania de doar já me deu péssimas noites e já me fez doar demais o coração, que de tão mal cuidado nesses empréstimos, anda seriamente avariado e necessitando de obras de manutenção urgente.

Poxa! tô com uma vontade danada de doar sangue agora, sentir o sangue vermelhinho saindo por aquela mangueirinha, aquela borracha estrangulando seu braço, o leve balançar da bolsa onde se deposita seu liquido vital, até aquele suquinho com mais açucar do que qualquer lembrança de fruta que te obrigam a tomar depois da doação, me atrai agora.

Mas gosto mesmo é da lombra. Nunca fumei maconha na vida, mas acho que doar sangue dá a mesma lombra que um quilo de maconha. Aqule relaxamento, aqueles postes ondulantes, a perda total da noção de profundidade, a moleza e a vontade rir que me dá ninguém paga.

Diria que doar sangue é uma das coisas mais legais da vida, como doar os órgãos deve ser a coisa mais legal da morte (talvez a única). Sou uma doadora e doadeira compulsiva e sinceramente sem nenhuma intenção de me curar.

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