segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Colapso na música brasileira: Tapem os ouvidos (Por Butterfly)


Eu tenho fé que um dia a música brasileira vai melhorar, porque pior do está não pode ficar! Ninguém sabe o que é mais pavoroso: as letras, o nome das bandas ou o figurino daqueles que ousam se intitular como músicos. No Brasil, todos os dias nascem e morrem talentos que não têm oportunidade de divulgar seus trabalhos, pois as gravadoras prestigiam, na maioria dos casos, o que há de mais nocivo aos nossos ouvidos, olhos e por que não dizer coração?

A justificativa das gravadoras é este tipo de negócio gera mais lucro. “Ok”, é lamentável, mas é fato. Essas “coisas”, infelizmente, vendem mesmo! Fazer o quê? Penico e papel higiênico também são muito vendidos, a diferença é que eles são essenciais para nossas vidas, já essas bandas...Tem muita gente no Brasil que gosta de ouvir berros pré-orgásmicos, ao invés de vozes afinadas; e ver passos de danças acrobáticas, que mais lembram os duplos mortais carpados da ginasta Daiane do Santos, ao invés de coreografias bem trabalhadas. Nessas horas eu me pergunto: Se Mozart estivesse vivo o que ele iria achar de tudo isto? E como será que bailarinas com o nível da Ana Botafogo devem se sentir? Estrelas como Mozart e Ana Botafogo entraram para história, pois serão eternamente reconhecidos por mostrarem ao mundo a arte bela; fruto de horas e horas de ensaios e, claro, muito talento. No Norte e Nordeste do Brasil virou febre as bandas de “forró descartável” fazerem versões de músicas internacionais. Eles aproveitam as melodias das músicas e criam letras estapafúrdias que nada têm haver com a versão original. Não é difícil ouvir, a cada esquina, versões distorcidas de músicas cantadas por Madonna (Like Virgin), Heart (Alone), Mr. Mister (Broken Wings), Kansas (Dust in the Wind) e pasmem, tem até a versão de How can I go on, que um dia foi tão bem cantada por ninguém mais, ninguém menos que Freddy Mercury e a cantora lírica Montserrat Caballé. Fico imaginando como estas bandas conseguem autorização para fazerem estas versões em português. É muito difícil acreditar que todos estes cantores internacionais tenham permitido que estas versões tão toscas tenham sido gravadas no Brasil. Quem realmente entende que a verdadeira música nasce depois de horas de ensaios, para que tudo seja apresentado com harmonia e beleza ao público, sente até vontade de chorar quando liga o rádio ou a TV e se depara com bandas com nomes esdrúxulos e coreografias patéticas. Isto sem contar com o figurino pra lá de esquisito, apresentado por alguns cantores e dançarinos. Para piorar, os operadores das câmeras fazem o desfavor de aproximarem o zoom da câmera, mostrando ângulos quase uterinos das dançarinas. Nessas horas, qualquer mulher que se der o respeito, quando assiste aquilose sente mal. Não se trata de falso moralismo ou apologia à censura, mas uma simples discussão sobre o que é de bom gosto, bom senso e ressaltar que tudo tem limite. Com certeza as pessoas que têm o mínimo de educação e senso estético, quando se deparam com estes grupos na TV ou rádio, não pensam duas vezes para mudar de canal ou estação do rádio. Mas e quem não teve oportunidade de estudar para fazer este tipo de escolha? E para piorar a situação, os veículos de comunicação, que deveriam ter a responsabilidade social de levar à população menos favorecida os grandes nomes da cultura brasileira, comungam da mesma idéia das gravadoras brasileiras e seguem dando cada vez mais espaço para o que há de pior no país. Tornou-se um ciclo vicioso que parece não ter mais fim. A sorte é que o Brasil, por ter uma extensão continental, é berço de vários talentos que nos fazem acreditar que ainda resta uma esperança. Enquanto existirem estrelas como Marisa Monte, Ana Carolina, Zé Ramalho, Maria Bethânia, Djavan, Jorge Aragão entre outros; e lembrarmos de Luiz Gonzaga, Renato Russo, Taiguara, Sivuca, Chiquinha Gonzaga, Tom Jobim, Pixinguinha...veremos uma luz no fim do túnel para que o Trenzinho Caipira de Heitor Villa-Lobos possa passar, trazendo em seus vagões os ritmos e canções que precisamos escutar. Então poderemos dizer com orgulho que o Brasil é celeiro de estrelas de primeira grandeza e não estrelas “decadentes”.

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