segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O reinado do Creu

Tá, estou chovendo no molhado, eu sei, mas preciso falar.

Ouvi uma, duas, três, quatro, segurando as pontas e pedido forças a Deus, cinco vezes o danado do Creu e cheguei a conclusão de que não sou normal. No carnaval quando vi aquela multidão deitada no chão simulando uma relação sexual com a calçada (pobre calçada) sem o menor constrangimento cheguei a conclusão de que a humanidade não tem mais jeito nem mais para onde descer.

Tudo bem que gosto não se discute e que por isso o conceito de bom gosto é mais do que relativo, mas não consigo entender o que se passa na cabeça de alguém que não apenas dança, mas ouve a dança do creu e ainda espalha para todo mundo com orgulho.

Ontem estive num chá de bebê e várias prendas consistiam em cantar ou dançar músicas do momento, ainda bem eu não tive que pagar alguma, porque simplesmente não conheço essas músicas, me recuso. Já me perguntaram em que planeta eu vivo já que não conheço nenhumas das músicas que andam tocando nas rádios e na TV, mas eu simplesmente não consigo.

É o meu protesto silencioso, só escuto os cds que já tenho (sem querer ser besta, mas a maioria originais, só compro pirata se não achar em loja ou estiver bem na pindaíba) e algumas coisas mais antigas que já tenho. Não sou metida a intelectual chata que só ouve música clássica e no máximo um Chico Buarque (se bem que gosto tanto que no amigo-secreto de 2007 ganhei um cd dele e quem me deu disse que é a minha cara) e adoro música regional, de raiz, coisa e tal, mas me recuso a dizer que a banda Calypso por exemplo (detentora de 89,9% do meu ódio pela música da moda) me represente culturalmente, que aquelas letras cafonas conseguem me parecer, mesmo longinquamente românticas, acho inadmissível sonhar que a voz da Joelma é bonita (ela canta com um laranja na boca e de nariz tapado), que ela é afinada (só pode ser piada), que ela é bonita (gostosa até aceito, mas bonita nem em sonho) e que sabe dançar (se pular e jogar o cabelo for dançar...)

Bom gosto não é uma coisa tão relativa assim. O amor é uma temática recorrente na música, mas não é a única coisa. Mas as músicas hoje circulam em torno de dois temas. A primeira temática é a sexual abordada da forma mais absurda possível. A segunda é a traição, com direito a volta por cima, que geralmente tem pitados de sexo no meio. Mas é sempre um amor cafajeste, ruim e baixo. O sexo sempre parece vulgar, banal e nojento. Cara, o amor é divino e o sexo, segundo a professora me disse na 3ª série primária, é a coisa mais bonita que pode acontecer entres dois seres humanos, mas quando eles são verdadeiramente seres humanos e fazem sexo por desejo, por tesão que seja, até sem amor, mas sem baixaria e não em público respeitando o pudor de quem ainda tem.

Sinto-me vivendo numa dimensão musical paralela. E particularmente prefiro continuar nela ouvindo minhas velharias do tempo em que música era a união de acordes agradáveis com uma letra no mínimo bem bolada.

http://www.kboing.com.br/script/radioonline/busca_artista.php?artista=mccreu&cat=music

Por Orquídea (quase selvagem rsrsr)

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