sábado, 15 de março de 2008

Roncos, murmúrios e pernadas

Dormir acompanhado é sempre uma experiência engraçada. Não falo de dormir com namorado ou marido, falo de dividir cama com quem quer que seja. Lembro uma vez que cheguei tão arrasada da balada com duas amigas que iam dormir aqui, que caímos as três na minha cama (de solteira, que meu quarto é pequeno) e dormimos, vale lembrar que maquiadas e vestidas: o sono só permitiu tirar os sapatos. Mas essa foi a única vez que só me incomodei com o fato ao acordar quando as dores vieram.
Quando eu era pequena, ou melhor, criança, já que pequena eu nunca fui, pois nasci com quase cinco quilos, minha família costumava veranear. A hora de dormir sempre era um suplício, mas nos primeiros anos, devido a precariedade das únicas casas da cidade que gostávamos, era bem pior. Numa sala minúscula, um mar de colchões bem mofados, geralmente tirados de algum canto da casa apenas naquela ocasião, eram enfileirados e casais, tios, primos, crianças e adultos, homens e mulheres se espremiam ali. Era um tal de chuta aqui, acotovela acolá, um ronco alto num canto, alguém sonhando diz coisas reveladoras (ou constrangedoras) do outro. Acordava dolorida, mas feliz com aquela comunhão que só dividir uma cama traz.

Confesso que já tive as mais variadas experiências na cama e antes que alguém pense que sou no mínimo bastante galinha, explico que nem sempre minhas viagens são regadas de conforto. Na verdade elas raramente são.

Na minha infância, lembro dos roncos. Deus do céu!!! Todo mundo na família da minha mãe ronca, quando meu pai viajava, minha mãe pedia pra eu dormir com ela, mas era impossível. No veraneio, dava vontade de rir: era um orquestra de roncos. Um dos meus tios roncava tão absurdamente alto que quando ele estava lá eu passava o dia dormindo pra agüentar passar a noite acordada, o pior eram as negativas dele. Meu tio simplesmente se recusava a admitir que era o responsável pelas olheiras de toda a família.

Certa noite peguei um gravador, coloquei perto dele e deixei gravando um lado inteiro de uma fita cassete (gravador digital no início dos anos 90 kkkkk), depois fiz uma edição com os melhores, ou direi piores, momentos e na primeira reunião de família apresentei a prova. Basta! Ele negou até a morte, disse que eu gravei o barulho de um porco e queria incriminá-lo. E quase 18 anos se passaram e ele continua negando a autoria dos roncos. Não sei como a esposa dele consegue.

Enquanto o problema do meu tio era o ronco, o meu sempre foram as pernadas. Sou do tipo que dorme enroladinha de ladinho e acorda atravessada na cama, com o travesseiro em cima da TV, um lençol no chão outro em cima do ventilador e a cama bem desforrada. É claro que para obter esse resultado eu preciso trabalhar bastante durante a noite, exercitar bem meus membros inferiores e superiores.

O resultado é que eu sempre dormia em uma das bordas do colchão nesses “acampamentos” de verão e tiravam no palitinho quem seria a pobre alma que dormiria ao meu lado. Uma vez acampando quase derrubei a barraca e provoquei feios hematomas na pessoa do lado. Com a idade, consegui ter um sono menos agressivo.

Lembro a primeira vez que dividi a cama com um namorado (para dormir rsrsrs). Nossa senhora! O que a gente se bateu não ta no gibi, quase acabamos o namoro e se eu tivesse ido fazer exame de corpo de delito, acho que ele tava na cadeia até hoje. O danado também se mexia muito e roncava pra diabo.

Eu acordei a cada cinco minutos. Algumas vezes por causa do ronco. Outras, acordava com um perna enorme caindo impiedosamente por cima de mim de mim, me impossibilitando de fazer qualquer movimento, outras vezes me confundia com o travesseiro e me amassava de um lado, do outro encostava a cabeça onde achasse mais macio, mesmo que para isso eu precisasse ter feito curso de contorcionismo ou precisasse de anestesia geral.

Um último namorado parecia que tinha medo que eu fugisse, o que aconteceu algumas vezes quando tinha pena de acordá-lo para me deixar em casa (sou mocinha e não durmo fora, a não ser que invente uma mentira bem bolada). Ele dormindo me prendia, ou segurava minha anca com um joelho, ou prendia minha cintura com um dos braço, ou me segurava inteira e usava minhas costas como travesseiro. Confesso que adorava me sentir um bichinho de pelúcia nas mãos de uma criança.

Mas pior que isso e quase tão recente quanto a dormida a três pós-balada numa cama de solteiro, foi uma viagem que fiz. Fui acompanhar uma amiga que ia passar o fim de semana na casa do namorado em outra cidade, como era a primeira vez me pediu para ir junto. Mesmo prevendo a vela, fui.

O cara morava numa casa imensa, mas só tinha uma cama de casal e um colchão de solteiro. O casal, em vez de ceder a cama pra nós duas. Ele ficou com ela no quarto e após um maravilhoso rali, tive que dividir o colchão com o meu piloto. Foi horrível... um frio desgraçado, só um leçol, um sono de matar e o danado passou a noite tentando me agarrar. Dei tanto chute, levantei, dei chilique, até pensei em chorar (arama infalível), mas pensei melhor e desisti.

Um comentário:

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkk quando casar tem que comprar uma cama dupla king size!!!